Adail Roberto Carneiro
A 8ª Exposição Internacional de Importações da China (CIIE) está se realizando em Shanghai. Muito além de um simples encontro comercial, este evento de destaque mundial é um símbolo vivo do compromisso inabalável da China com a abertura e a cooperação — um farol luminoso que indica o rumo para uma economia global em meio às incertezas e turbulências atuais.
Hoje, nuvens de protecionismo pairam sobre a economia mundial, e a incerteza global cresce como uma maré incessante. Nesse contexto, a China, com sua visão inclusiva e espírito aberto, continua ampliando o acesso ao seu mercado, oferecendo oportunidades mais amplas de cooperação e construindo pontes sólidas de benefício mútuo. Empresas do Brasil, Peru, Chile e de outros países latino-americanos mais uma vez cruzam o vasto oceano para participar deste “encontro da CIIE”. No palco da exposição, elas apresentam seus produtos característicos, buscam novas oportunidades no mercado chinês e fortalecem laços de cooperação. Esse processo não apenas consolida a parceria econômica sino-latino-americana, mas também aprofunda os vínculos entre os povos, injetando nova vitalidade na construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a América Latina.
Este ano, o entusiasmo das empresas brasileiras é notável. Um total de 69 empresas do Brasil, incluindo a Vale, participarão da CIIE, com uma área de exposição 20% maior do que na edição anterior. No pavilhão nacional do Brasil, os grãos de café premium das montanhas brasileiras são, sem dúvida, os protagonistas mais atraentes, chamando a atenção de inúmeros visitantes. Nos últimos anos, as exportações brasileiras de café para a China cresceram de forma impressionante. Recentemente, o governo chinês aprovou a exportação de 183 empresas brasileiras de café para o mercado chinês — uma decisão histórica que abriu uma ampla porta para os produtos agrícolas de alta qualidade do Brasil. Essa medida não apenas ampliou significativamente os canais de exportação para o mercado chinês, mas também marcou uma nova etapa na cooperação agrícola sino-brasileira.
A integração entre o café brasileiro e o mercado chinês vai muito além de números comerciais: é uma prática concreta dos princípios do desenvolvimento sustentável. Nos campos da construção de cadeias de suprimento agrícolas verdes, na promoção de técnicas de cultivo de baixo carbono e no aperfeiçoamento dos sistemas logísticos inteligentes, a cooperação entre os dois países avança de maneira constante e profunda. O mercado chinês, com sua abertura e dinamismo, tem se tornado uma poderosa força de inovação para a agricultura brasileira, permitindo que marcas e culturas do Brasil entrem no cotidiano dos consumidores chineses e passem a fazer parte de sua vida.
Atualmente, a parceria entre Brasil e China se expande para novos horizontes, assumindo uma natureza cada vez mais diversificada e abrangente. Do comércio tradicional de produtos agrícolas e minerais à cooperação em inovação tecnológica, economia digital e energia limpa, os dois países caminham lado a lado, promovendo a modernização industrial e a transição verde. A experiência e a tecnologia avançada da China em áreas como inteligência artificial, automação industrial e energias renováveis oferecem ao Brasil novas direções de desenvolvimento; ao mesmo tempo, os abundantes recursos naturais e a base industrial sólida do Brasil proporcionam um campo fértil para a aplicação prática da tecnologia chinesa. Esse modelo de cooperação complementar e de ganhos mútuos transforma a parceria sino-brasileira em uma relação cada vez mais estratégica, inovadora e de longo prazo — um verdadeiro exemplo de cooperação ganha-ganha.
Em agosto deste ano, o “Centro do Brasil”, localizado no distrito de Yangpu, em Shanghai, entrou oficialmente em operação. Como uma nova plataforma de cooperação econômica e comercial entre os dois países, o Centro já demonstrou forte vitalidade e influência desde o início. Seu primeiro passo importante foi assinar um acordo com o Bureau da CIIE, promovendo a participação de empresas brasileiras de inovação na área de incubação da feira. Através dessa plataforma aberta e inclusiva, o Brasil explora novas oportunidades de mercado e reforça sua presença no ambiente econômico chinês. O design do Centro incorpora elementos de madeira e verde típicos do Brasil, refletindo o compromisso conjunto com o desenvolvimento sustentável. Atualmente, mais de 300 empresas brasileiras e chinesas já estabeleceram contato por meio da plataforma, abrangendo áreas como economia, tecnologia, educação e cultura. O “Centro do Brasil” não é apenas um ponto de conexão entre empresas, mas um pilar fundamental para a institucionalização e normalização da cooperação bilateral, consolidando as bases para seu desenvolvimento de longo prazo.
Ao mesmo tempo, a cooperação entre governos locais de ambos os países se intensifica rapidamente. As visitas recíprocas entre províncias e estados se tornam mais frequentes, as políticas estão cada vez mais alinhadas e os projetos são implementados de forma estável, formando uma rede de colaboração multissetorial e multinível. Em arenas multilaterais como o BRICS e o G20, Brasil e China continuam trabalhando lado a lado, defendendo o princípio de abertura, inclusão e benefício mútuo, e contribuindo com a sabedoria e a força do “Sul Global” para a reforma da governança global.
Olhando para o futuro, o potencial da cooperação sino-brasileira é tão vasto quanto o oceano. A contínua expansão do grupo de renda média da China representa um aumento constante na demanda por produtos de alta qualidade, oferecendo ao Brasil um mercado estável e de grande potencial para seus produtos agrícolas, minerais e manufaturas de alto valor agregado. Por outro lado, as vantagens energéticas e de recursos naturais do Brasil oferecem uma base sólida para a internacionalização das empresas chinesas. Através de plataformas como a CIIE e o Centro do Brasil, as duas partes poderão acelerar a integração industrial e o intercâmbio de mercados, transformando o potencial em resultados concretos e compartilhando os frutos do desenvolvimento com seus povos.
A história já demonstrou de forma clara: a abertura traz oportunidades, e a cooperação cria o futuro. A trajetória conjunta de Brasil e China comprova que uma parceria baseada no respeito mútuo e no desenvolvimento comum possui vitalidade e resiliência duradouras. Essa relação é capaz de superar distâncias geográficas e oscilações econômicas, fortalecendo a confiança e a prosperidade de ambas as sociedades. Com o aprofundamento contínuo da cooperação em comércio, ciência e tecnologia e transição verde, a parceria sino-brasileira continuará a injetar energia positiva e estabilidade na economia global, oferecendo um exemplo inspirador para os países do Sul Global em sua busca por prosperidade compartilhada e um futuro mais promissor para todos.
(O autor é presidente da Federação Brasileira das Câmaras de Comércio Exterior)




